1 de novembro de 2007

A obra nasce?

Se livro existisse que tivesse mudado a minha vida (mas toda a gente sabe que tal raramente acontece) What We Talk About When We Talk About Love, de Raymond Carver seria um deles. Quando o li pela primeira vez, teria eu a singela idade de 20 anos ou coisa que o valha, foi como um murro no estômago. Não sabia que podia haver uma escrita assim, possante e frágil ao mesmo tempo. Soube depois que se lhe chamava minimalista. Desde essa altura nunca me cansei de ficar extasiado perante a profunda simplicidade (soa tão cliché mas é, para mim pelo menos, tão verdade) daqueles pequenos contos.
Soube entretanto recentemente que os contos de What We Talk... seriam afinal duas vezes maiores na versão escrita por Carver, mas que foram editados pelo editor Gordon Lish, que os reduziu a metade e, por vezes, mudou o fim. Carver, crivado de dívidas e talvez cansado pelo alcoolismo crónico, terá protestado mas nem por isso, necessitado que estava do dinheirinho.
Terá portanto Carver sido o inventor do minimalismo malgré lui? Em todo o caso, Carver republicou mais tarde, devidamente modificados, alguns dos contos de What We Talk...
É justamente um estudo comparativo entre as duas versões de dois desses contos que se encontra aqui.
Adenda que não tem nada a ver: este post é dedicado ao autor deste.
Adenda que não tem nada a ver II: outra versão do mesmo problema. Ou como mudar "Pintar ou Fazer Amor" em "Pintar ao Fazer Amor", o que não deixa de abrir todo um mundo de infinitas possibilidades...

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