Por alguma obscura razão, guardei este excerto de uma entrevista que Alain Minc deu em 2005 a Teresa de Sousa no Público. Procurei o texto integral mas não o encontrei nos Arquivos do Público. Por uma incrível coincidência, quando googlava parte do texto encontrei o mesmo excerto aqui:
“O que se está a passar nos EUA – que não tem nada a ver com o 11 de Setembro – é que os valores americanos são cada vez menos idênticos aos valores europeus. Nós somos o ‘congelador’ dos velhos valores ocidentais, eles são o laboratório de novos valores. Seja a visão que temos do nascimento, o aborto; seja da morte, a pena de morte; seja das células estaminais, de Deus, das liberdades individuais – os EUA afastam-se do velho modelo ocidental…”.
Das minhas notas consta igualmente que Minc ligava estes novos destinos americanos à emergência dos hispânicos. Não sei se ele tem razão (sobretudo neste ponto), mas era já indubitável em 2005, e é-o cada vez mais, que muito em breve os valores democráticos – e o sistema económico – que América e Europa Ocidental partilham talvez não venham a ser suficientes para evitar uma evolução diferenciada, ainda que porventura paralela (e as paralelas são as que nunca se encontram, não são?). Ignoro quais os resultados que esta deriva poderá ter ao nível geoestratégico, mas outra citação que guardei da mesma entrevista (desta vez não houve blog que me salvasse: referência on line inexistente) diz que o futuro da Europa, neste contexto e segundo Minc, é o de ser “rica, pacífica e bastante feliz, mas não um actor mundial”. Numa palavra, a Europa será a Suíça. Ora isto, para além de deprimente, é extremamente perturbador.
E agora volto às minhas actividades normais.
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