20 de fevereiro de 2009

A Evolução das Espécies

Como o reclame do Fá (para quando um exemplo decente no You Tube?), o teledisco (assim mesmo, como se dizia na altura) da Sabrina na piscina e a revista Gina, Pam Anderson (em dada altura Lee) deverá ser preservada e mostrada às gerações futuras. Como só tem 41 anos, vamos ainda muito a tempo de organizar o conselho científico.


New York, 18/2/09: há mais Marinheira que marés

It’s a Free World


O cinema inglês dito de “realismo social” é certamente muito respeitável. Infelizmente tem-nos dado algumas das maiores xaropadas de que há história. Não é o caso de It’s a Free World, sem dúvida o melhor filme de Ken Loach, um dos lídimos representantes desta tendência do cinema inglês. Sem didactismos inúteis ou parti-pris ideológicos, It’s a Free World lida com a crueza dos factos e a confusão dos sentimentos e das emoções. E se este Mundo continua a dividir-se entre exploradores e explorados, existem situações em que essa distinção não é tão simples assim. Se fosse possível descrever este filme falando de uma cor, seria o cinzento: as coisas não são nunca pretas ou brancas e a vida é um interminável desfile de diferentes matizes de cinzento. É um filme para pessoas com muitas certezas, daquelas que nunca têm dúvidas e raramente se enganam. Sim, é um filme que deveria constar da Dêvêdoteca do João Miranda.

19 de fevereiro de 2009

Entretanto, na SIC-N

A primeira grande interrogação que me veio à cabeça ao ver a confusão à saída do Tribunal de Cascais é a de saber quem é a elegantérrima advogada que aconselhava Júlio Monteiro. Se algum dia eu estiver em vias de ser constituído arguido, ou até simples testemunha, gostaria de contar com os conselhos de alguém como ela.

18 de fevereiro de 2009

Twit Twit Twit

Atenção: a posta antecedente não foi feita por mim, foi um troll que me invadiu a conta do Blogger. Escandaloso!

Twit Twit

Dito isto, 140 caracteres parece-me ser um bom limite para o próximo romance do Lobo Antunes.

Twit

Por estas e por outras é que eu não me ponho a twittar. Sabe-se lá, até poderia deixar escapar uma frase inteligente. Para dizer coisas de troll, mais vale ficar por aqui.

17 de fevereiro de 2009

Prós & Contras

Como também tenho alguma dificuldade em perceber o que há para debater no tema do casamento homossexual, não vi o programa (nem precisei, pois li a descrição). De qualquer maneira, a essa hora estava eu ocupado a levar de vencida uma miserável equipa bávara, esmagada por dois golos sem resposta de Liedson e Postiga, no PES 2008. Isso e a leitura de mais dois contos do Oscar ocupou-me a noite. Devo acrescentar que me deitei contente. Não sei se o schnapps de framboesa terá alguma coisa a ver com esse facto.


Noivo, eu?...

16 de fevereiro de 2009

Escapar à fase terminal (cont.)

Acordar do coma? Sim, é bom. Mas, como tudo o que é novo, pode assustar. Não sabemos o que vamos encontrar e de que maneira o(a) encontraremos. O coma é quentinho e confortável, não precisamos de fazer nada, somos alimentados por sonda, calamo-nos, não fazemos perguntas, a vida passa a correr por nós. Quando acordamos do coma, a primeira visão que temos é o tecto do hospital. Um branco calmo. A partir daí, tudo se complica.

13 de fevereiro de 2009

The Curious Case of Benjamin Button


Longe de mim querer meter foice amadora em searas profissionais, mas, tal como para Slumdog Millionaire, penso existir algum exagero em tão negativas apreciações de um filme que, sem ser uma obra-prima – nisso estamos de acordo – não parece ser tão mau quanto o pintam. Sim, muitas vezes a pretensa ousadia formal acaba por esconder um atroz convencionalismo; sim, está feito para arrancar a lágrima mais ou menos fácil; sim, é demasiado longo e bem poderíamos dispensar, mais ou menos a meio do filme, uns bons 20 minutos. Mas existem algumas razões que me fazem simpatizar com The Curious Case of Benjamin Button (ultrapassando mesmo a antipatia intrínseca provocada pelo meu instinto primário de macho que se contorce de inveja vendo o Brad Pitt, so sexy, a arrancar a mota):
1: porque se prova ser possível fazer em Hollywood um melodrama – inventivo e com alguma qualidade – com sucesso popular; para quem, como eu, gosta de dramalhões à la Sirk, isso é fundamental;
2: porque se prova que não é obrigatório que os efeitos especiais sejam meramente pirotécnicos ou incompatíveis com um trabalho sério de actor; nesse aspecto, Brad Pitt e Cate Blanchett são assombrosos na maneira como conseguem integrar e potenciar o tratamento digital da imagem;
3: porque quando a velhinha, na cena em que corta o cabelo a Benjamin, diz a este último que parece que ele tem cada vez mais cabelo, isso desperta em mim a esperança – talvez irracional – de recuperar os cabelos relapsos que abandonaram um crânio que parecia tão confortável.
Também passei por uma fase em que ser a excepção à unanimidade me dava muito gozo. Com a idade, como diria Benjamin a Miss Daisy, isso passa.

Coerência

“Entre as pessoas a quem o Reino Unido proibiu a entrada no seu território estão o líder islamista norte-americano Louis Farrakhan, por causa das suas opiniões racistas e anti-semitas, e ainda o líder religioso radical Yusuf al-Qaradawi, que descreve bombistas suicidas como "mártires" e acha que a homossexualidade é "uma doença".” (edição impressa do Público; ver notícia online aqui)

Poder-se-á acusar o Governo britânico de muita coisa, mas não de falta de coerência.

12 de fevereiro de 2009

Dor de Corn

A Resistência organiza-se. Os lacaios do Dr. Kellogg não ganharão esta batalha.


Cachimbo da paz? Querias...

Revolucionário

I. diz-me que chorou do princípio ao fim. Respondo que de facto já vi genéricos mais alegres. Quando ela me olha desconfiada, não tenho coragem de confessar que ainda não vi o filme.

Escapar à fase terminal

Não penses, lá por me dizeres « até logo » com ar casual, que tudo ficou bem de repente. Até os animais têm alguma dignidade. Por enquanto, continuamos em cuidados paliativos. Já não é mau termos acordado do coma.




11 de fevereiro de 2009

O que nós vamos saber dele

Situação rara, interessante e portanto inteiramente merecedora do devido destaque é esta de um embaixador ter um blog. Francisco Seixas da Costa, embaixador de Portugal em França, começou este blog, que poderá ser uma interessante experiência, na fronteira da vivência pessoal com as inevitáveis exigências de discrição da vida diplomática. Não sendo inédito – David Miliband também tem um blog – é suficientemente estimulante para ser seguido.

9 de fevereiro de 2009

Humanos

A condição humana navega inevitavelmente entre a infelicidade e a servidão. Por ser pomposa, esta frase não é menos exacta. Resta-nos agradecer por escapar à servidão e ir gozando a intermitência de alguns momentos bons. Até prova em contrário, somos humanos.


8 de fevereiro de 2009

Fim de Semana

Matrix? Speed Racer? Esqueçam o cinema, irmãos Wachowski, a vossa obra-prima está feita.



6 de fevereiro de 2009

Slumdog Millionaire


Percebo que se possa ter uma reacção quase de preconceito ideológico contra Slumdog Millionaire. Temos visto demasiados filmes em que, justamente, a pobreza do olhar esconde a manipulação das nossas emoções. Depois temos a hiper-saturação da fotografia, os efeitos à videoclip baratucho, o final feliz, enfim, todos os ingredientes que afastam o crítico bem pensante de uma fita, qual Maomé a fugir do toucinho. No entanto, sendo um filme menor, Slumdog Millionaire não é assim tão mau. Está construído de maneira inteligente e consegue criar no público alguma empatia com os actores. Tem alguns momentos (cfr. a cena no metro com a nota Benjamin Franklin) que, sem chegarem a ser entusiasmantes, contêm verdadeiras ideias de cinema (e não de uma publicidade para a MTV). Não chega para fazer um bom filme? Provavelmente, não. Mas vê-se sem grande desagrado.
Em tempo: mas o que verdadeiramente me espanta é constatar que o João Lopes perde o tempo dele a ler comentários trogloditas.

5 de fevereiro de 2009

Oliveira Casanova

Confesso que me tem causado alguma perplexidade um trailer que tem passado na SIC, anunciando uma série sobre uma suposta vida privada de Salazar. No trailer, o velho ditador aparece, em pose de sedutor, com várias mulheres, todas – cada uma no seu estilo – giraças e atiradiças. O nosso ditador não se faz rogado: como é impossível resistir a tanto charme, ele é mãozinha malandra na coxa, ele é beijinho no pescoço e com certeza outras actividades mais próprias da bolinha vermelha que dos manuais de Finanças Públicas que o lente de Coimbra tanto prezava. Poderá com efeito causar algum espanto esta nova imagem do Presidente do Conselho, cuja vida (a)sexual conhecida passava, até agora, pelos serões em São Bento com a Dona Maria. Erro meu, pois com um pouco de reflexão, tudo se explica. Com efeito, a direita clássica saudosa da lei, da ordem e do respeitinho sempre gostou de Salazar: essa está conquistada. A classe média, mesmo farta do regabofe supostamente democrático, tem hesitações naturais quando toca a apoiar um ditador; mas afasta a má consciência convencendo-se que se trata, apenas e só, de uma personagem histórica, tão asséptica quanto D. Dinis ou D. Sancho II; pois se até a televisão disse que foi Salazar o maior português de sempre! Faltava pois a jovem direita arrogante, de faca nos dentes e Burke no bolso do blazer. Então podia alguma vez um grande ditador como o nosso Oliveira ser um quase capado, um daqueles gajos de cabelo grisalho que aparece nos intervalos dos jogos da Sport TV pedinchando por um milagre contra a disfunção eréctil? Obviamente, não podia. Salazar é tão, tão grande que até o lendário celibato é enganador: o homem era um engatatão, o Brad Pitt de Santa Comba, pronto, com uma simples inclinação da cabeça, a fazê-las suspirar. Rapidamente e em força.


Salazar (formerly known as Hef) posa entre deus, pátria e família

4 de fevereiro de 2009

Act locally, think globally

Obrigado pelas revelações. O Mundo escandaliza-se pelas conclusões do DCIAP. Washington Post e New York Times já enviaram alguns dos seus mais ferozes jornalistas. Cândida Almeida já não se desloca sem a carrinha da Fox News atrás.

3 de fevereiro de 2009

Diário

Motivos de orgulho nacional. Estamos presentes entre os monges do Shaolin e na West Wing. Faz sentido querer mais?