22 de novembro de 2007

Em defesa do “Mas”

Sim, solene e empenhadamente em defesa do “Mas”. Do “Mas” que a blogosfera, sobretudo aquela mais radical e politicamente (in)correcta (pois, que ser politicamente incorrecto começa a ser tão politicamente correcto…), tanto gosta de maltratar. Assim que alguém usa o famoso “Mas”, é certo e seguro que lhe cairão em cima os tenores da rectidão, os defensores da coluna vertebral de aço, os pontas de lança do espinhaço sólido (ver, mero exemplo que se apresenta por ser recente, aqui, a propósito deste post do Daniel Oliveira; ver também, já agora, este). Alguns são os mesmos que, não há muito tempo e do suave conforto do lar, se entusiasmavam com os feitos de armas dos marines no Iraque. Os mesmo que agora, com uns tomates do tamanho de bolas de basquetebol, nos explicam que temos que falar muito grosso para assustar os Amadinecoisos e outros Ayatolas nucleares, e que quem não o fizer está, já se sabe, a pactuar com os terroristas.
Confrontado a estes valentões, o pobrezinho do “Mas” pode pouco. Encolhe-se, coitadito, todo envergonhado e espera por melhores dias. E no entanto…
No entanto o “Mas” é inteligente, por vezes – e mesmo a maioria das vezes – o mais inteligente de todos. O “Mas” é a garantia de uma visão adequada, calma, razoável e que tem em conta todos os aspectos da questão, seja ela qual for. O “Mas” é a sageza, a moderação, os cabelos brancos, a boa decisão, a recusa da precipitação. O “Mas” é o maior obstáculo à tacanhez, às vistas curtas, ao fanatismo.
E até The Economist começa a vislumbrá-lo.
Numa palavra, o “Mas” é bom.
Portanto, viva o “Mas” e quem o apoiar.

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