24 de janeiro de 2008

Os grandes esquecidos: a 8ª arte

Como qualquer aprendiz de poeta poderá confirmar, o fracasso é muito mais inspirador que o sucesso. O potencial dramático de um falhanço será sempre infinitamente superior ao do sucesso. Coisa semelhante se passa com os esquecidos da História. Churchill será para sempre conhecido, louvado e admirado, mas o patético Chamberlain e o seu falhanço total serão sempre muito mais poéticos. Quando vinha hoje de manhã no carro para o trabalho (pois, que eu também trabalho), ouvi na rádio a notícia sobre o início de mais um Festival de Angoulême, o incontornável encontro dos amantes da 9ª arte. Nos dias anteriores foram também muitas as notícias sobre a possibilidade do maior acontecimento do mundo da 7ª arte – os Óscares, obviamente – não se realizar devido à greve dos argumentistas. E foi nesse momento que uma questão me assaltou o espírito (foi também no mesmo momento que quase atropelei um ciclista, que me ficou a insultar enquanto eu acelerava envergonhado, mas esse não é o tema do post). E a questão só pode ser: onde está a 8ª arte, essa esquecida da História? É que ele é só 7ª arte para aqui… 9ª arte para ali… E a 8ª arte? Népias. Ninguém sabe, ninguém viu. O silêncio absoluto. Mais: quem sabe de facto o que é a 8ª arte? Do que trata? Quem são os artistas mais reputados? Nicles. Poderia dizer aqui que se trata de uma injustiça que urge reparar. Mas não o vou fazer. Porque o destino da 8ª arte é ser para sempre uma esquecida da História. Uma nota de rodapé nas enciclopédias. Uma curiosidade ou, pior, uma pergunta do Trivial Pursuit.
E foi em tudo isto que eu pensei quando vinha para o emprego. Pois, que o que eu tenho não é bem um trabalho, é mais um emprego.

PS: para os menos poetas que querem sempre muitas informações, saibam que parece que a 8ª arte é por vezes considerada a televisão, outras a fotografia e outras a arte dramática. Portanto, esquecida pela História e com problemas de identidade.

Sem comentários: