Tentou mexer-se mas não conseguiu. Concentrou-se no que o rodeava. Estava deitado na cama, nu. Em frente, o plasma debitava, em silêncio, imagens de clips de hip-hop. À esquerda, parecia ser a casa de banho. À direita, a entrada para a sala. Sobre uma cadeira, repousava uma peça de lingerie. Ao lado do plasma, um cinzeiro com duas ou três beatas. Começou a lembrar-se quando ouviu os saltos dela a ecoar no soalho, logo ali ao lado. O aquecimento estava, como sempre, demasiado alto e ele começava a transpirar. Havia pouca luz, mas ele conseguia ver uma silhueta cada vez que ela parecia aproximar-se da entrada do quarto. Fez mais uma tentativa para se mexer, desta vez só a perna direita. Nada. Quando finalmente ela entrou, a prmeira coisa em que ele reparou foi no peito nu, a balançar lentamente à medida que ela avançava. Ela sorriu-lhe, depois pegou em qualquer coisa – um maço de cigarros? – e saiu. Mas antes disso, ele ainda viu, distintamente, sem margem para dúvidas, uma enorme maçã de adão deformando a garganta dela.
Desde esse dia, a vida daquele peluche nunca mais foi a mesma.
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