De todas as inovações parvas que nos foram trazidas pela renovação das redes sociais, provocada pela Web 2.0, as flash mobs são uma das mais tolas. Presenciei uma, completamente por acaso, na praça principal de uma grande cidade europeia: de repente, meia dúzia de alminhas imobilizaram-se, levantaram as cabecinhas e ficaram a olhar para o céu durante um minutinho, para imediatamente – e felizmente, acrescentaria eu – se dispersarem e se dedicarem, para quem as tivesse (o que não é seguro), às suas ocupações habituais. Existem outros exemplos mais ou menos conhecidos: da multidão que de repente se baixa para atar os atacadores dos sapatos na Grand Central Station de Nova Iorque aos patuscos que se dedicaram a uma batalha de almofadas no Champ de Mars, logo ali ao lado da torre Eiffel, em Paris.
Poderá talvez dizer-se que as flash mobs, apresentadas por alguns como uma performance de rua, pretendem realçar o absurdo da existência humana, através da repetição simples – e sempre por um colectivo mais ou menos numeroso – de um gesto deslocado do contexto; seriam assim mais um sinal da vacuidade do consumismo, no fito de nos convencer da inutilidade de outros gestos quotidianos – comprar, trabalhar, visitar – que parecendo ter sentido, não o têm de facto, não conseguindo mais que ser os actores secundários da imensa Comédia Humana.
Sim, poderá dizer-se isso. Mas estaríamos enganados. Porque lá no fundo as flash mobs são apenas um disparate pegado que leva pessoas que não têm mais nada com que se entreter a fazer, regra geral, figuras tristes na via pública.
Assim, quando a Ana Matos Pires convoca o people para uma flash mob em defesa do “acesso ao casamento civil”, está a enganar-se a ela e às pessoas que pretende convidar. Com efeito, por definição, uma flash mob não tem objectivo; é completamente desprovida de intenção militante ou reivindicativa. No fundo, como se dizia num comentário à posta da Ana, o que ela fez é nem mais menos que uma velhinha convocação de uma manif por interposto blog e, quiçá, por SMS.
Menos hype, sem dúvida. Mas com mais sentido.
Poderá talvez dizer-se que as flash mobs, apresentadas por alguns como uma performance de rua, pretendem realçar o absurdo da existência humana, através da repetição simples – e sempre por um colectivo mais ou menos numeroso – de um gesto deslocado do contexto; seriam assim mais um sinal da vacuidade do consumismo, no fito de nos convencer da inutilidade de outros gestos quotidianos – comprar, trabalhar, visitar – que parecendo ter sentido, não o têm de facto, não conseguindo mais que ser os actores secundários da imensa Comédia Humana.
Sim, poderá dizer-se isso. Mas estaríamos enganados. Porque lá no fundo as flash mobs são apenas um disparate pegado que leva pessoas que não têm mais nada com que se entreter a fazer, regra geral, figuras tristes na via pública.
Assim, quando a Ana Matos Pires convoca o people para uma flash mob em defesa do “acesso ao casamento civil”, está a enganar-se a ela e às pessoas que pretende convidar. Com efeito, por definição, uma flash mob não tem objectivo; é completamente desprovida de intenção militante ou reivindicativa. No fundo, como se dizia num comentário à posta da Ana, o que ela fez é nem mais menos que uma velhinha convocação de uma manif por interposto blog e, quiçá, por SMS.
Menos hype, sem dúvida. Mas com mais sentido.
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