O inesquecível Ringo anunciou no seu site pessoal que vai deixar de dar autógrafos, por estar demasiado ocupado para isso. As pessoas da minha geração lembrar-se-ão de uns desenhos animados dos Beatles em que o Ringo era apresentado como pouco menos que o Rain Man: era o burro da companhia, o gajo, sempre gozado pelos colegas, a quem era preciso explicar tudo. Músico e instrumentista medíocre, como se sabe, terá atingido o seu momento de glória no que foi simultaneamente um gozo descarado dos colegas de grupo: com efeito, só mesmo com A Little Help from His Friends é que Ringo conseguiria enfim ter um papel de algum relevo numa canção dos Beatles. Este anúncio disparatado só prova que Ringo continua igual a ele próprio: encontra-se num mundo paralelo, de que é Rei e senhor absoluto e onde revive em permanência a ilusão de ter sido a alma mater da banda mais conhecida do Mundo.
Nestas alturas, perguntamo-nos se não seremos nós também os Ringos das nossas próprias vidas, olhando estupidamente para acontecimentos que não percebemos e recusando dar autógrafos porque julgamos não ter o tempo que entretanto perdemos em minudências.
Nestas alturas, perguntamo-nos se não seremos nós também os Ringos das nossas próprias vidas, olhando estupidamente para acontecimentos que não percebemos e recusando dar autógrafos porque julgamos não ter o tempo que entretanto perdemos em minudências.
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