É um odor peculiar. Mais que o reencontro com a estepe, os velhos carros parados à beira da estrada e o fumo negro que se escapa de camionetas directamente saídas de um mau filme sobre a Guerra Fria. É por este odor que não se consegue identificar – misto de tabaco frio, suor e gasolina saturada em chumbo – que sabemos que chegámos às partes longínquas da Europa. [A duração média do intervalo de tempo entre cada descolagem do aeroporto de Borispol é de cerca de 15 minutos] Mudança? Sim, claro, tanta coisa que mudou. Entre o VW Touareg V8 que me leva ao mosteiro de S. e o Lada em que me metiam há uns anos atrás existe uma diferença abissal. Ou – como perguntava espantado o amigo da Anne Applebaum – onde estavam metidas estas belíssimas mulheres luxuosamente vestidas, como se fosse a última oportunidade de se mostrarem antes do Mundo acabar amanhã?
Haverá assim tanta diferença? [São agora 10 minutos entre cada descolagem] Assim que deixamos a grande cidade, a pobreza aparece em todo o seu esplendor eslavo-comunista. E os americanos continuam a espantar-se quando ninguém no restaurante confessa falar Inglês. Olho para eles como se só falasse Mongol e continuo a beber placidamente a minha cerveja ucraniana. Nem o fervor religioso dos pobres acaba por ser assim tão diferente do que se passava – mais ou menos em segredo – durante o comunismo, diz-me o meu novo grande amigo Igor enquanto goza com os monges ortodoxos com que nos cruzamos.
No avião de regresso, vêm as equipas polaca, sueca e austríaca de halterofilismo, acabadinhas de chegar de um torneio qualquer. Toda a minha energia é a partir de agora canalizada para evitar perturbar o ritmo das descolagens do aeroporto de Borispol. Estes halterofilistas têm ar de pesar bastante; será que nunca viajam sem os halteres?
Haverá assim tanta diferença? [São agora 10 minutos entre cada descolagem] Assim que deixamos a grande cidade, a pobreza aparece em todo o seu esplendor eslavo-comunista. E os americanos continuam a espantar-se quando ninguém no restaurante confessa falar Inglês. Olho para eles como se só falasse Mongol e continuo a beber placidamente a minha cerveja ucraniana. Nem o fervor religioso dos pobres acaba por ser assim tão diferente do que se passava – mais ou menos em segredo – durante o comunismo, diz-me o meu novo grande amigo Igor enquanto goza com os monges ortodoxos com que nos cruzamos.
No avião de regresso, vêm as equipas polaca, sueca e austríaca de halterofilismo, acabadinhas de chegar de um torneio qualquer. Toda a minha energia é a partir de agora canalizada para evitar perturbar o ritmo das descolagens do aeroporto de Borispol. Estes halterofilistas têm ar de pesar bastante; será que nunca viajam sem os halteres?
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