8 de maio de 2009

Greed is Good

Esta posta da Klepsydra lembrou Wall Street, um daqueles filmes que, sem ser uma obra-prima – longe disso – consegue ser eminentemente simpático e mesmo um dos melhores de Oliver Stone. Dificilmente se encontrará filme mais representativo de uma certa época e de uma certa maneira de estar na vida. Aliás, mais ou menos na mesma altura – e igualmente representativo – saiu o excelente A Fogueira das Vaidades de Tom Wolfe (de que Brian de Palma tiraria um filme medíocre), que popularizou a expressão Masters of the Universe, de uns desenhos animados então muito em voga, para designar os yuppies da Bolsa. Sabendo o que sabemos hoje, só podemos concluir que ambos – filme e livro – se revelaram de uma premonição certeira, o que só abona em favor da Arte (e desabona os economistas) no que toca a prever as tendências da sociedade de mercado. Paradoxalmente – e não é a primeira vez que isso se verifica: cf. a cena das Valquírias de Apocalipse Now, de que falo aqui – um filme como Wall Stret, que fazia justamente a crítica da ganância sem limites de uma determinada maneira de ver o capitalismo, transformou-se em filme culto dos tais mesmíssimos yuppies que pretendia criticar. Nos meios da Bolsa e da finança, Gordon Gekko tornou-se um mito e o exemplo supremo de cool. A sua divisa, o celebérrimo Greed is Good, tornou-se o motto de milhões de yuppies encharcados em gel. Donde: isto anda mesmo tudo ligado e ainda por cima é mais complicado do que parece.

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