13 de março de 2009

Milk


Como se sabe, Gus Van Sant não sabe fazer filmes maus. Milk, sendo menos interessante que qualquer um dos filmes da trilogia da morte (Elephant, Gerry, Last Days) e que a experiência dostoeivskiana Paranoid Park, é bastante bom: uma realização inteligente e escorreita, diálogos bem esgalhados e actores fantásticos, em que até o cabotino Sean Penn (de quem tanto desconfio) se revela um modelo de contenção. Se Milk fosse apenas um filme militante, já se justificaria (bastando para isso as referências do filme à famosa Proposta 6, que não podem deixar de soar, aos ouvidos actuais, como a réplica exacta da tristemente célebre Proposta 8); ainda por cima, aquele pessoal que passa a vida a queixar-se dos malefícios do lobby gay, seja lá isso o que for, teria aí motivo para mais umas diatribes e assim proporcionar grande divertimento à plateia. Felizmente, Milk é mais que isso. É um bom filme. Ponto.