27 de março de 2009

Into the Wild


Olhamos geralmente para os filmes com olhos diferentes. Aquele vamos vê-lo pelos olhos do filho que somos, aqueloutro pelo pai que também somos. Um outro será enquanto tímido pouco à vontade, outro ainda como o gajo porreiro que anima a companhia. Mas poucos filmes conseguem que o espectador o veja sucessivamente nessas várias diferentes posições. Na sua radicalidade marginal e insegura, o personagem de Emile Hirsch em Into the Wild convoca a nossa fascinação e solidariedade. Um pouco mais tarde, passamos a ver Into the Wild com os olhos do pai que também somos e apodera-se de nós uma certa angústia, conjugada com um forte sentimento de impotência para lidar com acontecimentos que não podemos controlar. Um pouco como o protagonista, que vive em dois anos toda uma vida: nascimento, adolescência, idade adulta e morte.
No fim do filme, percebemos que aquele que se chamou durante dois anos Supertramp acaba por voltar, pouco antes do desenlace fatal iminente, ao seu verdadeiro nome; como se, pouco antes da luz final que o espera, ele sentisse a necessidade de se agarrar à sua vida anterior, normal e convencional. Ou, tão simplesmente, porque tinha frio e se lembrou quão confortável pode ser uma casa aquecida.
As coisas mais belas são tantas vezes as mais simples. Simples como uma canção de Eddie Vedder.

1 comentário:

aquelabruxa disse...

gostei imenso do filme a primeira vez que vi, e claro que me fartei de chorar, devia estar hormonal, também...