13 de abril de 2009

Gran Torino

O problema das expectativas muito altas é que, quase inevitavelmente, acabamos desiludidos. Não sendo um mau filme (e, sejamos claros, Clint Eastwood já demonstrou ser capaz de fazer maus filmes), Gran Torino é relativamente banal. Aquilo a que alguns chamam classicismo revela-se afinal simples academismo, a que se junta alguma ausência da inventividade formal que no entanto Clint já demonstrou no passado. Por exemplo, o tema da redenção já foi melhor explorado pelo próprio Clint: pense-se apenas no fabuloso A Perfect World. Algumas metáforas - o cadáver do personagem de Clint, braços abertos em cruz - chegam a ser insuportáveis de banalidade. Ficamos assim com um filme razoável, que se vê com um certo agrado, mas muito inferior a outras obras incomparavelmente superiores do mesmo Clint. Daí algum espanto da minha parte com alguns dos encómios da blogosfera a Gran Torino. E, sem querer ligar uma coisa à outra, não se deixa de sentir algum desconforto quando se pensa que alguns poderão interpretar as "bocas" racistas do personagem de Clint literalmente, como um expoente da nova obsessão politicamente correcta que é ser politicamente incorrecto. Gostar de um bom filme por más razões é mau. Fazer o mesmo por um filme mediano é pior.




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