Quando entra, são as narinas que primeiro se lhe contraem. O apartamento é minúsculo, mas ela indica-lhe imediatamente o quarto, sem que ele consiga descobrir onde é a cozinha, ou se cozinha sequer existe. Mas é provavelmente dessa invisível cozinha que chega aquele cheiro que é estranho, diferente e exótico: especiarias desconhecidas no mundo ocidental. Enquanto espera por ela, ele não consegue deixar de pensar que algures naquela casa se encontra um cozinhado a apurar, lentamente; não sente culpa, mas um leve e desagradável remorso antecipado porque aquele prato misterioso, seja ele qual for, ficará certamente demasiado cozido. Continua a pensar nisso, mesmo quando se apercebe que terá sido ela a meter um velho disco esquecido de Chris de Burgh.
(…)
Só quando chega à rua, puxando a gola do casaco para cima para proteger o pescoço do frio gélido, o cheiro lhe abandona as mucosas nasais. Mas continua a matutar que prato seria aquele. Por muito tempo. Mais – muito mais – tempo que o ideal.
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Só quando chega à rua, puxando a gola do casaco para cima para proteger o pescoço do frio gélido, o cheiro lhe abandona as mucosas nasais. Mas continua a matutar que prato seria aquele. Por muito tempo. Mais – muito mais – tempo que o ideal.
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