30 de setembro de 2008

Grandes Capas

Agradecimentos sentidos à imprensa polaca

(tirado daqui)

29 de setembro de 2008

Subprimes

Uma blogger do Atlântico chama a atenção para este grave problema que, confesso, me tinha escapado até agora. Com efeito, não é admissível que os turistas e/ou estudantes americanos em viagem pela Europa sejam vítimas dos tratamentos xenófobos descritos pela Ana Margarida Craveiro. Ele é “desdém e desprezo”, ele é “uma espécie de Santa Inquisição, com os (…) americanos na fogueira”. A Ana faz uma crítica mordaz mas firme de todos aqueles hipócritas que “vociferam contra directivas de retorno e manifestações de xenofobia” mas ficam caladinhos quanto às graves manifestações desta mesmíssima xenofobia anti-americana. Eu, aqui no meu cantinho, uno a minha voz à da Ana Margarida e grito bem alto: não à xenofobia anti-americana. E se, mau grado os esforços doutros como nós, este infeliz estado de coisas persistir, proponho, como solução de recurso, que se enviem os americanos maltratados pelos xenófobos europeus para uma espécie de “país-abrigo”, onde estarão a salvo dos bárbaros. Porque não a Itália, onde haverá muito sítio para os arrumar depois do Sílvio ter expulso a ciganada toda?

28 de setembro de 2008

25 de setembro de 2008

Clare again

And now, especialmente dedicado aos nossos amigos liberais (no sentido não-americano da palavra):


The Shadow Knows

“Penso que o sexo é muito sobrevalorizado…”, disse ela depois de soltar uma nuvem de fumo.
“Estás parva? Nem por sombras…”, respondeu ele coçando o escroto vagarosamente.
“A Humanidade está muito sobrevalorizada”, pensou o corvo recém-chegado, a equilibrar-se sobre a balaustrada da varanda.

24 de setembro de 2008

Lucy e Magalhães

Não pensem que este blog não é sensível a este problema. Como se lê aqui :

"Então e se os putos pesquisarem no Magalhães por: Lucy, Luciana Abreu ou Floribella? como é que a SIC deixou escapar estas? Nem parece deles ... 16 heures ago from web "
Seguem as ditas cujas "estas" (tiradas daqui, com a devida - e enormíssima - vénia).


O Pecado Original

Neste contexto, lembra-se aqui de novo o Grande Pecado Original de que padece o Pacheco Pereira: quem tentou expulsar os jornalistas dos Passos Perdidos não poderia, nunca mais e para todo o sempre, dizer seja o que for sobre liberdade de imprensa. A não ser, digo eu, que se tratasse apenas, nesses tempos que já lá vão, de expulsar exclusivamente jornalistas da RTP. A ser assim, isso seria apenas presciência.




23 de setembro de 2008

Freddy Mac e Fanny Mae got married

Os Republicanos têm razão: Hollywood é um ninho de liberais (no sentido americano da palavra) que tentam desnaturar a cabecinha dos adolescentes americanos. No entanto, a Resistência organiza-se. The pursuit of Happyness é a prova disso. Nesta true story, que só pode ter tido João Miranda como consultor técnico (e não é porque o filme trate de biotecnologia), seguimos a vida difícil do personagem interpretado por Will Smith que, em anos de crise, sobrevive dificilmente vendendo scanners para dentistas. Mas o sonho do Will, aluno brilhante obrigado a interromper o percurso escolar por, supõe-se, a namorada ter engravidado (ai a falta que a abstinência faz) é ser corretor da Bolsa. Depois de conseguir um estágio numa dessas fantásticas empresas capitalistas em que toda a gente anda feliz, Will parece estar a safar-se. E qual é o acontecimento não totalmente imprevisível que vem interromper esta ascensão social? Obviamente, os impostos. A tenebrosa e totalitária máquina fiscal espezinha mais uma vez as liberdades individuais e penhora a totalidade das economias do nosso Will, que se vê de repente homeless e obrigado a procurar abrigo e alimentação nas organizações caritativas. Felizmente, tudo acabará em bem: mesmo dormindo de vez em quando nas casas de banho públicas, o Will consegue destacar-se entre as várias dezenas de estagiários, ser o único escolhido para ficar na empresa e tornar-se, alguns anos mais tarde, o multimilionário que nós já desconfiávamos que ele seria. Antes disso, Will consegue livrar-se da tal antiga namorada, com quem entretanto casou, uma chorona que só sabe queixar-se do azar em que se tornou a sua vida e desenvolve uma amizade viril com o filho, a quem ensina que nunca se pode desistir e que se se trabalhar suficientemente, pode conseguir-se tudo na vida, inclusive o seu próprio avião a jacto.
Lindo.
Portanto, estavas à espera de quê, Rui Tavares?




21 de setembro de 2008

Le genou de Clare

Who doesn't love a band in uniform?

20 de setembro de 2008

Anarchy in the UK

Quem tiver mais de 40 anos – sem ter passado a adolescência no seminário – e vir a imagem de marca da última campanha do Printemps reconhecerá imediatamente a referência a David Bowie período Hunky Dory. Definitivamente, o Rock está na moda. É usado por todo o lado para vender seja o que for: carros, malas, computadores, iogurtes e sobretudo trapinhos. É com efeito a indústria da moda a que tem mais aproveitado a iconografia Rock para vender, com referências constantes ao glam dos anos 70 mas também ao Rock urbano-depressivo do Velvet (mais o look heroin addict) ou ao Reggae e ao Ska festivos dos anos 80.
Por um lado isto é reconfortante. Demonstra que aquilo que parecia ser o terror das mães dos adolescentes das últimas décadas se banalizou, foi socialmente aceite e integrado na vida moderna. Por outro lado, é preocupante. Indica que a energia criativa desses anos se encerrou no beco sem saída do consumismo sem sentido: quando a gente vê Keith Richards a vender malinhas Vuitton não sabe se deve rir ou vomitar.
Se for verdade que a História se repete – seja como tragédia ou como farsa, pouco importa – este estado de coisas não merecerá grande preocupação. As gerações saberão reinventar-se e uma nova energia criativa tentará sujeitar o Mundo à prova da Utopia. Talvez.
Estava a acabar de escrever esta posta quando comecei a ouvir subir do quarto do meu filho de 10 anos os primeiros acordes de My Generation. Fui ver o que se passava e lá estava ele a jogar Guitar Hero na PlayStation…







18 de setembro de 2008

Colecção Outono/Inverno

Não vi a estreia, seguramente auspiciosa, da novel deputada, mas pude vê-la em plena actividade debatente na SIC-N com uma senhora do PPD/PSD (ou do PSD, não cheguei a perceber…) de que não fixei o nome. Fiquei convencido: se não fosse por outros motivos, que não vêm ao caso, seria homem para me casar só para me poder divorciar ao abrigo do novo regime. Assim de repente, não sei se isto que acabei de escrever faz algum sentido. Mas entre o Continente e o Conteúdo, sempre escolherei o primeiro. Que querem, sou fraco…



16 de setembro de 2008

Pescadinus Tautologicus

Obviamente, quando tudo corre bem é porque o mercado funciona. Quando tudo corre mal, o mercado também funciona, pois corrige os excessos. Acho que a isto se chama uma tautologia. Ou também esta espécie animal que eu baptizei agora mesmo.





15 de setembro de 2008

In Memoriam

RW 1943-2008


Bola de Ouro

Sem ligar ao fecho do mercado e com a reabertura em Janeiro ainda longe, o Arrastão reforçou-se ainda mais que o Benfica e apresenta-se como sério candidato ao título. Única dúvida: qual das três estrelas é o Lee Van Cleef (isto é, nem o Good nem o Ugly)?


11 de setembro de 2008

Much Ado About Nothing

A Selecção não me interessa por aí além. Toda aquela coisa de cantar o hino e beijar a bandeira parece-me um bocadinho pindérico. Para além deste facto simples: quem gosta verdadeiramente de bola apoia um clube e não uma selecção. Dito isto, gostei do jogo de ontem, que teve grandes momentos de futebol bem jogado. Todavia, o resultado não me surpreendeu. E não digo isto por pensar que sei mais que os especialistas. Com efeito, antes do jogo eu já sabia que Portugal ia perder. Então é impunemente que uma selecção treinada pelo tenebroso Queiroz de má memória sobe ao Estádio de Alvalade sem um único jogador do Sporting a titular? Era, obviamente, uma catástrofe anunciada. Não tenho a menor dúvida que com Scolari – e com a costumeira galinha preta decepada de fresco a saltitar em honra de Iemanjá ou da Senhora do Caravaggio e tal – o resultado teria sido 2-1 para Portugal. Independentemente do Ricardo ter feito outra vez merda, com a habitual e disparatada saída ao cruzamento. Como? Não era o Ricardo? Aah….



9 de setembro de 2008

A cadência, os seus tempos, a trepidação e a intensidade dela

“a música clássica e o metal partilham a cadência (os tempos) e a trepidação (as
intensidades).”
Henrique Raposo

Não quero fazer deste mundo paralelo um blog demasiado Raposo oriented (ver aqui, aqui e aqui) e longe de mim poder dar a ideia que algo me move contra o dito blogger, que reputo de eminentemente respeitável e é com certeza – não o conheço – excelente pessoa. Mas existe de facto algo nos textos do Raposo que pode por vezes despertar emoções incontroláveis: a maior parte das vezes, o riso histérico; em outras ocasiões, a estupefacção esgazeada. Nesse sentido, o Raposo cumpre a sua função social de cronista: despertar o interesse dos leitores. Pensei nisso quando percebi que residia no novo e excelente Ouriquense – lido hoje com a atenção que merece – mais uma vítima do Raposo, como se vê aqui. Isto no mesmo dia em que descubro mais esta prova de surdez aguda. Se isto não é suficiente para formar no Facebook um grupo dos leitores compulsivos do Raposo ansiando por desintoxicação, vou ali comprar um disco dos Moonspell e já venho.

Radar

Algo se passa em Ourique.

7 de setembro de 2008

Fim de Semana

Em 2001, Wes Anderson filmava The Royal Tenenbaums, uma comédia dark sobre disfunções familiares e amores impossíveis. Numa das melhores cenas do filme, é encenada a tentativa de suicídio de uma das personagens principais. A música da cena é Needle in the Hay de Elliott Smith. Não sendo propriamente uma canção sobre o suicídio, devendo ser antes uma referência à dependência da heroína de que Elliott começava a padecer, é difícil imaginar melhor roupagem sonora para uma tão bonita cena. Dois anos depois deste filme, Elliott espetava uma faca de cozinha no coração.


4 de setembro de 2008

Da Beleza

Em Little Children, mais um filme visto com atraso, existe uma outra cena para além desta que merece referência. Quando o casal Connelly-Watson recebe Kate Winslet e o marido para jantar, Connelly apercebe-se a dada altura, através de uma referência anódina a um terceiro, que o seu marido está tendo um affair com Winslet. Num gesto vindo de outro século, deixa cair um talher para surpreendê-los playing footsie debaixo da mesa. Inutilmente, claro, pois todos os pés estão conscienciosamente no lugar deles. E, num momento de puro espanto, fica dobrada debaixo da mesa a olhar para as unhas dos pés pintadas num ridículo lilás de Kate Winslet, enfiados numas sandálias de mau gosto. Quando finalmente Connelly se levanta, o seu rosto é o retrato de quem não compreende que a beleza possa ceder à paixão. Claro, o espectador – mas não Connelly – sabe que não se trata de paixão. E saberemos todos mais tarde que se tratará de uma cedência temporária, pois tudo acabará por se “normalizar”. Não é por esta conclusão moralizadora que Little Children não é um bom filme. No entanto, ainda assim, esta cena fica a assombrar-nos durante algum tempo.

Médio de contenção

O futebolista português Tiago encontrou a solução para todos esses futebolistas descontentes que enxameiam os clubes e chateiam treinadores e dirigentes. Tiago não se conseguiu conter face a todas as malfeitorias de que terá sido alvo nos últimos tempos e tomou uma medida radical: trancou o presidente do clube no balneário. Portanto, amigo futebolista descontente que nos lês, não desesperes. O presidente do teu clube não te deixa ir embora pela meia dúzia de milhões que aquele clube inglês do meio da tabela oferece? Ele quer emprestar-te ao Fornos de Algodres quanto sabes que tens valor para a Liga dos Campeões? Problema resolvido: apanha o presidente a jeito e zás! Tranca o gajo no balneário. Para os casos mais graves, deita fora a chave.

1 de setembro de 2008

Entretanto, na SIC

Tomás Azevedo, neto de “you know who”, diz que vai iniciar, com 18 anos, um negócio “sem o dinheiro da família”. Comentário da E.: “deve ser com o dinheiro que ele ganhou na apanha da fruta!”
Diga-se de passagem que o Tomás, muito sério, com o seu fatinho de corte impecável e os sapatinhos tão bem engraxadinhos, a dizer mal dos quatro últimos governos de que se lembra, parecia ter 48 anos e não 18. Preferimos de longe o neto Champalimaud, que escolheu Direito porque o pai lhe disse que era assim que devia ser e que como prenda de fim de curso pediu, em vez do par de espingardas que o pai lhe propunha, uma volta ao mundo, durante a qual se fartou de surfar na Austrália e na Nova Zelândia. Aliás, um gajo que escolhe Champas como nome de blogger não pode ser mau tipo. Só não deu para descobrir – a imagem passou demasiado rapidamente – o nome do blog dele.
Donde: a burguesia decadente do Sul mostra – mais uma vez – a sua superioridade sobre o capitalismo industrial nortenho.