31 de março de 2009

Miss Guantanamo

“This week, Guantanamo!!! It was an incredible experience. (…) We also met the
Military dogs, and they did a very nice demonstration of their skills. All the guys from the Army were amazing with us.We visited the Detainees camps and we saw the jails, where they shower, how the recreate themselves with movies, classes of art, books. It was very interesting. (…)The water in Guantanamo Bay is soooo beautiful (…)I didn't want to leave, it was such a relaxing place, so calm and beautiful.”



Dayana Mendoza, Miss Universo, relatando no seu blog a viagem que fez a Guantanamo há uns dias. Supégiiiiro!




- Ahmed, tás a ver a miss?
- Não, meu, os gajos taparam-me os olhos...

Pois, o Moleskine e tal…

É sempre edificante perceber como funcionam os mitos. Um dos objectos mais prezados pela blogosfera (lembro-me pelo menos de um blog que até o nome lhe foi buscar) não é afinal mais que uma genial criação de marketing: 4,5 milhões anuais de exemplares vendidos – por um preço que é o triplo de uma simples sebenta – de um caderno pretensamente mítico, mas que foi criado em 1998 (leram bem) por uma empresa italiana, que soube construir, de maneira inteligente, toda uma mitologia a partir de frases esparsas de alguns monstros da literatura. Para ser lido por todos aqueles que pensam que o hábito faz o monge, a Magnum o Dirty Harry e o Moleskine escritores.




30 de março de 2009

Entretanto…

Descobri ontem à noite que tenho a TVI24. Doutor, poderá isso fazer de mim uma pessoa melhor?

Contos da Lua Vaga depois da Chuva

“A Playboy brasileira, por exemplo, contribuiu mais para a minha formação intelectual do que, digamos, o cinema japonês”, diz Francisco José Viegas.

Em vez de dizer a primeira coisa que me vem à cabeça, género “isso explicaria muita coisa”, fico a pensar que para mim terá sido exactamente o contrário. Doutor, serei normal?



27 de março de 2009

O verdadeiro Serviço Público

Como? A colecção inteirinha de bootlegs das covers do Elliott Smith? Para download gratuito e ilegal? Pode chamar-se serviço público a uma tal pirataria? Pode sim senhor.


Into the Wild


Olhamos geralmente para os filmes com olhos diferentes. Aquele vamos vê-lo pelos olhos do filho que somos, aqueloutro pelo pai que também somos. Um outro será enquanto tímido pouco à vontade, outro ainda como o gajo porreiro que anima a companhia. Mas poucos filmes conseguem que o espectador o veja sucessivamente nessas várias diferentes posições. Na sua radicalidade marginal e insegura, o personagem de Emile Hirsch em Into the Wild convoca a nossa fascinação e solidariedade. Um pouco mais tarde, passamos a ver Into the Wild com os olhos do pai que também somos e apodera-se de nós uma certa angústia, conjugada com um forte sentimento de impotência para lidar com acontecimentos que não podemos controlar. Um pouco como o protagonista, que vive em dois anos toda uma vida: nascimento, adolescência, idade adulta e morte.
No fim do filme, percebemos que aquele que se chamou durante dois anos Supertramp acaba por voltar, pouco antes do desenlace fatal iminente, ao seu verdadeiro nome; como se, pouco antes da luz final que o espera, ele sentisse a necessidade de se agarrar à sua vida anterior, normal e convencional. Ou, tão simplesmente, porque tinha frio e se lembrou quão confortável pode ser uma casa aquecida.
As coisas mais belas são tantas vezes as mais simples. Simples como uma canção de Eddie Vedder.

26 de março de 2009

Prova de Vida

Longe de mim defender essa venerável instituição que é o Partido Comunista Português, que tem muita gente ansiando por defendê-lo. Aliás, a política só muito raramente entra neste blog e quando entra é pela janela, nunca pela porta principal. Ainda assim, faz um bocadinho de espécie ver um bom blogger ir pedir ajuda às estatísticas sobre a pena de morte no intuito aparente – e tendo pelos vistos como pretexto único – atacar o PCP.
Um tema tão importante como a persistência da pena de morte em vários países – sobretudo nos EUA, que se encontram em tão má companhia nesse particular – vale por si.
Dispensa bem a prova de vida anti-comunista do Pedro Correia.

25 de março de 2009

Rebirth of Kitsch (4)

É impossível não gostar de quase tudo nos Buraka Som Sistema. Gostar do nome, que recupera habilmente referências pop colocando-as num contexto geográfico e cultural actualizado (o “k” de Buraka). Do percurso da Buraca para o Mundo: começar por rappar e dançar com os amigos no bairro e chegar às salas de concerto de Londres e New York e à fotografia em pose cool nas páginas de Les Inrockuptibles. Gostar até daquele rapaz que faz umas crónicas no Público: na sua ingenuidade não muito genuína, ele representa uma juventude moderna que integra na sua africanidade (não renegada, antes pelo contrário) os ambientes festivos urbanos europeus. Da démarche musical: sex, drugs & kuduro é um programa ousado e inventivo, com uma pequena pitada de provocação: a suficiente para chamar a atenção sem dar excessivamente nas vistas, o que seria deselegante e uncool. Da ideia: da miscigenação cultural – electrónica e kuduro, kizomba e trip-hop – nascerá a miscigenação tout court.
Só não me peçam para gostar de uma coisa nos Buraka Som Sistema. E essa coisa é a música, que é absolutamente execrável.


kuduro rules?

24 de março de 2009

The President’s dead (2)

Antes que a CIA, a NSA e o SIS me invadam a loja, talvez convenha explicar que esta excelente canção dos Okkervil River não é obviamente sobre a morte de um presidente. Nem nada que se pareça.

The President’s dead

E se eu vos dissesse que vou estar, daqui a uns dias, a umas centenas de metros do Presidente Obama? Acreditem ou não nesta minha afirmação, a verdade é que a simples perspectiva de tal possibilidade deveria, só por si (pelo menos assim me diz a C.), entusiasmar as massas e convencê-las que chegou o momento de fazer algo mais pela Humanidade. Ora, como diz o House, a verdade é que a Humanidade anda muito sobrestimada. E eu, obamista desde a primeira hora (a primeira mesmo), mas com o péssimo defeito, que Freud seguramente explicaria, de ser do contra, estimo chegada a hora de postar aqui esta modinha.


23 de março de 2009

Pela Verdade Desportiva

Independentemente do roubo de que fomos vítimas, a verdade é que não tivemos competência suficiente para meter a redondinha lá dentro, como devíamos. Como sempre, no futebol ganha quem marca mais golos que o adversário. Mesmo de penalty. A consequência positiva que esperamos agora é que aquele senhor de cabelo oleoso que aparece aos Domingos à noite na SIC-N tenha razão e que nos 8 jogos que faltam para o fim do campeonato só marquem penalty ao Sporting no caso dos nossos jogadores puxarem de uma pistola e pregarem um tiro no adversário. Assim se chegará à Verdade Desportiva.

20 de março de 2009

On the 5th, you'll go down

Em Outubro de 1974, Al Green estava nu na banheira quando a amante lhe despejou uma tigela de porridge a ferver pelas costas abaixo. Segundo Green contou depois à polícia, a rapariga terá perdido o controle quando ele recusou casar com ela. Registe-se que a namorada em questão era ela própria já casada com uma outra pessoa. Com queimaduras de 3° grau nas costas, braços e pernas, Al teve que ser internado e recebeu um transplante de pele de porco. Pouco depois, no mesmo dia, a namorada apareceu morta. A conclusão da polícia é que ela se teria suicidado com a arma de Green.
Mais ou menos pela mesma altura, Muhammad Ali fazia o seu come back e derrotava George Foreman em 8 assaltos, num épico combate em Kinshasa, que deu origem ao melhor documentário da História do cinema.


*nota: esta posta deveria ser completada pela famosa cena de Pulp Fiction em que Marcellus Wallace diz a Butch, o boxeur: “On the 5th, you’ll go down.” A música que se ouve em fundo é Let’s Stay Together, o grande e único hit de Al Green. Em 1994, quando Pulp Fiction estreou, a carreira de Al Green era inexistente. Graças a esta cena, Let’s Stay Together vendeu, logo nesse ano, mais do que tinha vendido de 1972 até aí, tendo mesmo sido reeditado. Também por isso, é sinal de uma profunda ingratidão que a Warner, detentora dos direitos de Let’s Stay Together, tenha exigido que o You Tube apagasse a banda som da cena. Fica o link.

Primavera

Estou um bocadinho cansado de metáforas básicas. Não, a chuva não nos lava a alma nem permite um recomeço que se quer eterno. A chuva pode ser feia, desinteressante e, quando acaba, deixar-nos exactamente no ponto onde estávamos.




Vão andando que eu vou lá ter

Por questões de princípio que não vêm ao caso, detesto fado, etno-fado, electro-fado, fado punk e qualquer outra música que englobe o vocábulo fado (tirando o Camané que, pensando bem, não faz fado, é antes um rockeiro de primeira água). Todavia, poucas músicas retratam tão bem o ser português como esta modinha dos Deolinda.


19 de março de 2009

Propagação de doença contagiosa

Porfiei, porfiei, e lá encontrei: uma posta que defende o Bento e que me permitisse comentar este artigo, que até aí mereceria, quando muito, uma opinião informada sobre os hábitos capilares das primeiras damas africanas. Depois, fazendo jus à minha preguiça transcendental, desisti de mandar mais uma bojarda, vendo que nunca poderia chegar aos calcanhares de uma polémica entre esta posição e esta. Speaking of which, a atenção do Mundo se deverá agora deslocar para esta magna questão, que divide sábios e incendeia intelectuais.

(Not so) New Kid on the Block

Sociólogo, político, amante de música Indie e, sobretudo, surfista? Só me resta pôr o link aqui à direita para o poder seguir regularmente.

17 de março de 2009

A Night at the Opera

Milão, 15/3/09

- Aquele gajo ali ao pé da bandeira não é o Silva de Corroios?

- O Silva?! Não vês que aquilo é uma sueca, pá?...

13 de março de 2009

Pausa

Para actividades culturais que nos ocuparão todo o fim de semana, em que se tentará responder à questão de saber se valerá a excelsa cidade de Milão uma missa.

- Hey, J.C., meu , passa aí o vinho...



- Má qué?? Falta, aquilo??...

Milk


Como se sabe, Gus Van Sant não sabe fazer filmes maus. Milk, sendo menos interessante que qualquer um dos filmes da trilogia da morte (Elephant, Gerry, Last Days) e que a experiência dostoeivskiana Paranoid Park, é bastante bom: uma realização inteligente e escorreita, diálogos bem esgalhados e actores fantásticos, em que até o cabotino Sean Penn (de quem tanto desconfio) se revela um modelo de contenção. Se Milk fosse apenas um filme militante, já se justificaria (bastando para isso as referências do filme à famosa Proposta 6, que não podem deixar de soar, aos ouvidos actuais, como a réplica exacta da tristemente célebre Proposta 8); ainda por cima, aquele pessoal que passa a vida a queixar-se dos malefícios do lobby gay, seja lá isso o que for, teria aí motivo para mais umas diatribes e assim proporcionar grande divertimento à plateia. Felizmente, Milk é mais que isso. É um bom filme. Ponto.

11 de março de 2009

As Facas da Baviera

Percebi tudo depois de ter lido esta posta. Malandro daquele Polga (para não falar de mais ou menos 10 outros jogadores daquela equipa) que se vende assim aos bávaros…


Colheres da Dinamarca e - ai ai - facas da Baviera

10 de março de 2009

Tu também és o Medina Carreira

Como disse a E., sem malícia alguma: tu também és o Medina Carreira. Esta afirmação merece alguma reflexão. Reconheço, sem esforço (ok, com alguma hesitação), que terei uma ligeira tendência para dizer mal de tudo e de todos; que não consigo disfarçar o pequeno gozo que retiro das cassândricas previsões que faço para este país; e, enfim, que gosto de fazer rimas escatológicas (esta última vem em bónus traque). Que pequenos pecados como estes me estejam a transformar no insuportável Medina Carreira é motivo de preocupação. Porque não sei se não estarei já a ser vítima da solução do loquaz comentador para o problema português: dez milhões de Medina Carreiras.

Miguel Veloso no Aeroporto

Andam a perseguir o bloom. Sim, que o bloom foi finalmente apanhado por esta coisa das correntes. Dizem que o bloom tem que abrir o livro que esteja mais à mão na página 161 e reproduzir a 5ª linha. Não contentes com isso, ainda querem que o bloom passe a corrente a outros 5 bloggers. Ora, o bloom está bem aqui na bloga e assim, mas se aparecesse uma transferência que fosse boa para o bloom e para a bloga, o bloom agradecia. Agora o que não podem dizer é que o bloom é mau profissional. Pois é o que dizem por aí e ninguém defende o bloom. Mas o bloom é um profissional. Por isso o bloom reproduz aqui esta frase:
“Monflorite was the usual huddle of mud and stone houses, with narrow tortuous alleys that had been churned by lorries till they looked like the craters of the moon.”
G. Orwell, Homage to Catalonia
E o bloom passa a corrente a outros 5 profissionais: A Causa, A Dieta, Duas ou Três Coisas, O Anónimo, O Diplomata

8 de março de 2009

I'm Back!

Como diz, salvo fraca memória, Paul Newman no fim de The Colour of Money e como quer dizer, sem mexer os lábios, Mickey Rourke no final do espantoso The Wrestler.