29 de agosto de 2008

Al-Mostar

Se as caixas de comentários dos blogs são já o refúgio de muito troglodita, que dizer dos comentários dos leitores do Mais Futebol? Por exemplo, numa notícia sobre o encontro do Sp. Braga com os bósnios do Mostar, um leitor Marinho fazia o seguinte comentário: rua... [ 2008-08-28 15:54 ] Por: marinho fora com esses marroquinos. nao fazem parte da europa. rua”. Este dedicado leitor do Mais Futebol – esquecendo que Rabat é, em linha recta, a capital mais próxima de Lisboa e que, nesse sentido, nós, tugas, somos muito mais marroquinos que os eslavos dos Balcãs – terá antecipado o fenómeno do aquecimento global e, com uma presciência visionária, adivinhado que Mostar será muito brevemente mais quente que o Saara. Será portanto muito provável que vejamos, num futuro não muito distante, o leitor Marinho servindo de montada aos turistas chineses e russos sedentos de experiências radicais no deserto. E aí ele verá como é dura a vida de camelo.

28 de agosto de 2008

Sex, drugs and Brahms

“Terça-feira, na Gulbenkian, o Quarteto Takács - tocando Brahms - ofereceu-me uma descarga brutal de pele-de-galinha. (…) Saí da sala, meio combalido, apoiando-me nos ombros das meninas das lanternas. Cá fora, as ditas meninas fizeram o diagnóstico: orgasmo pela via cutânea.”

Quem fala assim devia ser declarado espécie protegida.

Pacta sunt servanda

Mais incómodos virão. Pôr Pedros Silvas e Ronnys a jogar e deixar um Vukcevik no banco, não se sabe bem por que birra, não é propriamente um incómodo. Também não chega a ser incompetência, é apenas uma teimosiasinha idiota e inconsequente, que esquece o interesse do colectivo para alimentar ódiozinhos de estimação. Por princípio, sou contra a substituição de treinadores (do meu clube, claro, já se for o Benfica fico contentíssimo) com o campeonato a decorrer. Uma gestão sã e compatível com uma boa planificação da época não se compadece com esse tipo de decisão aventureira. Admiti duas excepções a este grande princípio: quando foi preciso correr com Materazzi e com o Peseiro. Mas o Bento não merece sequer uma dessas excepções: falta-lhe a espessura dramática que tinham aqueles personagens da História do Sportem. Portanto, deixem o homem acabar o contrato. E em Maio, depois de mais um segundo lugar no campeonato, corram com ele e peçam por todos os santinhos ao BES que disponibilize uns trocos para contratar um treinador a sério.

26 de agosto de 2008

Do you miss me, miss misery?

Elliott Smith interpretou uma versão curta de Miss Misery em Março de 1998, durante a cerimónia dos Oscares, para os quais a canção tinha sido nomeada, por Good Will Hunting. Nesse ano, a vencedora seria My Heart Will Go On, da banda sonora de Titanic, na voz de Celine Dion.
Alguns anos mais tarde, em 2003, Elliott morreria apunhalado no coração, em circunstâncias nunca cabalmente esclarecidas, embora tudo apontasse para um suícidio. Era alcoólico e, nos últimos anos, dependente de heroína, com várias tentativas falhadas de rehab no activo. Tinha 34 anos.
Também em 2003, Celine Dion faria o seu imenso come back com um show no Caesars Palace de Las Vegas, que permaneceria em cena durante os quatro anos seguintes. Celine tinha então 34 anos.


The Third Eye

Disse alguém que existem dois tipos de pessoas no Mundo : as que gostam dos Beatles e as que preferem os Rolling Stones. Mas que fazer de todos aqueles que gostariam de preferir os Rolling Stones mas que na realidade acabam sempre – sem o confessar – por gostar mais dos Beatles?

25 de agosto de 2008

Hollywoodland

O novo Batman? Não, prefiro dar notícia de Hollywoodland, um pequeno filme de 2006, que não sei sequer se teve estreia comercial em Portugal. Quando se apanha por acaso – porque está a chover ou porque não nos apetece ficar a ver a prova de ginástica rítmica por equipas – um pequeno filme que se revela uma pequena pérola de inventividade, quase acreditamos que o cinema afinal ainda está vivo. No centro do filme está uma daquelas lendas de que é feita a História do Cinema, que neste particular se confunde com a(s) história(s) de Hollywood: o suicídio (ou talvez não) de George Reeves, actor de terceiro plano cujo maior sucesso – e drama – foi a interpretação de Superman num já esquecido serial da RKO dos anos 50. Adrien Brody é o detective que procura a verdade e, já agora, alguma notoriedade transformável em dólares e Ben Affleck – a melhor performance desde Dogma – é um excelente Reeves. Há – como poderia deixar de haver? – mulheres fatais e outras – formidável Diane Lane – que procuram apenas a felicidade possível. A realização é de uma invejável elegância, daquelas em que se nota que as referências cinéfilas estão lá porque devem estar e não apenas para épater le bourgeois. E quem será este realizador: um daqueles muito hype que andam nas bocas do mundo? Ou um tal de Allen Coulter, simples e competente realizador de televisão, que conta no currículo com vários episódios dos Soprano e Six Feet Under? Por vezes o cinema, como a vida, é tão simples: basta olhar, ver e gozar.

22 de agosto de 2008

Balanço olímpico (5)

Termine-se enfim esta série olímpica, que eu cá já só penso no Trofense. Não sem antes deixar de assinalar o último prego no caixão onde jaz a credibilidade olímpica da Nação: VPV himself, senhores e senhoras, meninos e meninas – nem mais nem menos que o maior especialista nacional em lançamento do martelo – diz umas asnei… rectius escreve sobre os Jogos Olímpicos (texto disponível aqui).
Deixem-me portanto também ajudar à festa, com a equipa chinesa de ginástica desportiva. Todas estas garbosas raparigas têm, dizem eles, a idade mínima para participar nas Olimpíadas, que é 16 anos.



Balanço olímpico (4)

Medalha de Bronze para o cronista Fernandes que, qual relógio estragado que acerta na hora duas vezes por dia, hoje esteve bem. Quase tão bem como o dito Fortes, que deu ontem na RTP-N uma entrevista cheia de ponderação e sageza.

20 de agosto de 2008

Balanço olímpico (3)

Medalha de lata para a blogosfera, onde a intensidade da asneira é potenciada pela suficiência do auto-convencimento. Nem o grande Maradona, o farol que nos ilumina a todos, escapou. Contrariamente ao que ele – e outros – dizem, a importância dada ao desporto não se mede pelo maior ou menor investimento dedicado à alta competição. A actividade desportiva deve fazer parte integrante da educação dos jovens e acompanhar-nos durante toda a nossa vida, com um ou dois objectivos essenciais: que os putos se divirtam e a gente se sinta bem depois de uma corridinha ou de umas pedaladas. As medalhas não interessam para nada. Os Jogos Olímpicos só têm importância enquanto substituto mais ou menos civilizado da guerra entre as Nações, como bem percebeu o presidente da Geórgia, o Coisovili. Felizmente, o bulício está a acabar e teremos enfim mais quatro anos de descanso para nos dedicarmos à nossa actividade favorita: ver a bola. Que aliás não é desporto, é entretenimento.

19 de agosto de 2008

Balanço olímpico (2)

A medalha de prata vai, inevitavelmente, para Wang Niandong, quase insuperável nas modalidades de



Ciclismo


Natação



Vela

Balanço olímpico (1)

Pois, a Vanessa e tal, mas para mim a medalha de ouro vai para a equipa francesa de natação sincronizada (esse belo desporto tão subestimado pelos especialistas), que competiu au som de Dead Can Dance. Isto sim é brio profissional.

18 de agosto de 2008

Fim de Estio


A tão saudada capacidade regeneradora e retemperadora de umas boas Férias tem sido, na minha modesta opinião, largamente exagerada. Dito isto, estamos prontos para enfrentar o Mundo e quem mais vier.