30 de junho de 2008

Os Nomes das Coisas

Ainda não consegui perceber se são certas coisas que já não são para a minha idade ou se é a minha idade que já não suporta certas coisas. Este dilema é, no estado actual das coisas, irresolúvel. Enquanto não alcançarmos aquele estado de sageza por que esperamos, não vale a pena pensar muito em certas coisas. Exactamente, essas coisas em que estás a pensar.

Relatório & Contas

É verdade que muita coisa, da pose à carinha laroca, fá-la parecer não mais que uma cantora de bar de hotel melhorada. Mas seria algo injusto dizê-lo. Diana Krall é uma excelente pianista e uma boa cantora, tem um reportório inteligente, sábia mistura de standards e pop, e é melhor, muito melhor, que qualquer Norah Jones. O concerto foi agradável, embora pouco dinâmico (a tournée está agora a começar) e com um só encore, não obstante os pedidos insistentes do público. Ah, é verdade: o Elvis não veio.



Seguem-se, já para Sexta-Feira, a grande Cat Power (em quem deposito grandes esperanças) e o regresso de Massive Attack. Há que manter um certo ecletismo.

27 de junho de 2008

Great Questions of Our Time


A minha grande questão para este início de fim de semana é saber se o marido da senhora em cujo concerto estarei daqui a umas horas vai ou não estar presente.

A entrevista

Melhor que preguiçar, só mesmo ler a grande entrevista dos últimos tempos: a de Gore Vidal ao NYT, que só agora descobri (via Glória Fácil).

26 de junho de 2008

A preguiça


Não há maior elogio da preguiça que a decisão de deixar de escrever em 1999 e passar a vida, desde então, a flâner entre o Hotel Louisiane e Saint-Germain-des-Prés, onde passaria parte da tarde – antes da sesta – no Café de Flore a olhar para as raparigas. Nem preciso de ter lido seja o que for de Cossery para gostar dele.

25 de junho de 2008

Pausa

Interrompo neste preciso momento as várias actividades sérias que me têm mantido ocupado para sublinhar que me parece que Kathleen Turner Overdrive é um excelente nome para uma banda. Mesmo depois de descobrir que até existe uma banda com esse nome.

23 de junho de 2008

A tradição é muito bonita

Espada tem razão: é bonito que se continue a respeitar a tradição em Wimbledon. Talvez o grande comentador nos pudesse informar exactamente desde que altura começou a ser tradição do All England Club admitir resultados combinados no venerável torneio.

21 de junho de 2008

20 de junho de 2008

Do you hear that, Mr Anderson? That is the sound of inevitability

Nunca deixará de me espantar a quantidade de comentadores e analistas desportivos cuja vocação se revela, no dia a seguir à derrota. Eles tudo previram, tudo calcularam e, claro, o resultado não é mais que o pálido retrato de uma realidade que eles já sabiam que ia acontecer. Não lhes ocorre que o futebol possa ser uma actividade da qual talvez fosse necessário dominar alguns conceitos básicos antes de se perorar abundantemente.
Por outro lado, que fazemos nós na blogosfera senão falar sobre o que não percebemos?

Natureza das Coisas

O verdadeiro conservador reconhece a evidência da natureza das coisas. Com Marx ou sem ele.

Esperança

Talvez ainda haja esperança para os garbosos futebolistas portugueses. Ninguém me tira da cabeça que a exibição negativa de ontem terá sido um protesto silencioso contra a fraca qualidade literária das mensagens deixadas pelo Scolari nos quartos dos jogadores.

19 de junho de 2008

Apenas um par de pegadas

Este blog recomenda a este blog a edificante leitura deste artigo. Talvez depois da leitura do pungente “Pegadas na Areia”, esse expoente máximo da literatura mundial, o 1bsk reconsidere o seu desapoio à Selecção e se torne um seguidor fanático de Felipão soon to be Big Phil.

18 de junho de 2008

Da injúria


Atento à protecção da propriedade intelectual, o sobrinho e único herdeiro e detentor actual dos direitos de autor de Antonin Artaud, obrigou o escritor Stéphane Zagdansnki a retirar do seu site um excerto sonoro de “Pour en finir avec le jugement de Dieu”. Zagdanski obedeceu mas enviou ao sobrinho uma carta altamente injuriosa. Não publicarei aqui esta carta por óbvias razões legais, mas não resisto a transcrever o início: “Pauvre étron” e um outro adjectivo qualificativo do sobrinho Artaud, a saber “impotent crétin chicaneur”, entre outros terríveis impropérios altamente injuriosos. Muito naturalmente, o sobrinho Artaud processou Zagdanski por injúrias, pedindo uma indemnização de 100 000 €. Em tribunal, Zagdanski demonstrou que a carta em questão não era mais que o pastiche de uma outra carta, enviada por Artaud a Balthus em 1939. Pelo que sendo de saudar o sobrinho Artaud por tão ciosa protecção dos direitos de autor da obra do tio, já o conhecimento dessa mesma obra deixa a desejar (ver história aqui). Fica a sugestão de tão interessante método a quem escreve coisas destas.

16 de junho de 2008

Um odor peculiar

É um odor peculiar. Mais que o reencontro com a estepe, os velhos carros parados à beira da estrada e o fumo negro que se escapa de camionetas directamente saídas de um mau filme sobre a Guerra Fria. É por este odor que não se consegue identificar – misto de tabaco frio, suor e gasolina saturada em chumbo – que sabemos que chegámos às partes longínquas da Europa. [A duração média do intervalo de tempo entre cada descolagem do aeroporto de Borispol é de cerca de 15 minutos] Mudança? Sim, claro, tanta coisa que mudou. Entre o VW Touareg V8 que me leva ao mosteiro de S. e o Lada em que me metiam há uns anos atrás existe uma diferença abissal. Ou – como perguntava espantado o amigo da Anne Applebaum – onde estavam metidas estas belíssimas mulheres luxuosamente vestidas, como se fosse a última oportunidade de se mostrarem antes do Mundo acabar amanhã?

Haverá assim tanta diferença? [São agora 10 minutos entre cada descolagem] Assim que deixamos a grande cidade, a pobreza aparece em todo o seu esplendor eslavo-comunista. E os americanos continuam a espantar-se quando ninguém no restaurante confessa falar Inglês. Olho para eles como se só falasse Mongol e continuo a beber placidamente a minha cerveja ucraniana. Nem o fervor religioso dos pobres acaba por ser assim tão diferente do que se passava – mais ou menos em segredo – durante o comunismo, diz-me o meu novo grande amigo Igor enquanto goza com os monges ortodoxos com que nos cruzamos.

No avião de regresso, vêm as equipas polaca, sueca e austríaca de halterofilismo, acabadinhas de chegar de um torneio qualquer. Toda a minha energia é a partir de agora canalizada para evitar perturbar o ritmo das descolagens do aeroporto de Borispol. Estes halterofilistas têm ar de pesar bastante; será que nunca viajam sem os halteres?

12 de junho de 2008

Fim de Semana em Donetsk

Poderia ser música popular ucraniana.

Da estética

O melhor título da semana: "Le Sporting, club d’esthètes lisboètes". Obrigado, Ivan, pela descoberta desta verdade universal.

11 de junho de 2008

Portugal Allez

Mais uma vez (e outra) um tal de Henrique Raposo questiona a existência de várias coisas (entre as quais um país, um ministro e um Presidente). Este questionamento permanente da existência de determinados seres e coisas começa a transportar o dito Raposo para um plano quase ontológico, onde o Ser deixa de ser para passar a ser o Nada. Isto preocupa-me quase tanto como deixar jogar o Petit a trinco.

9 de junho de 2008

Mais do mesmo

Com a festa dos portugueses na ex-pacata Suíça, regressaram as piadas sobre emigrantes e os posts patetas. Enquanto rimos e gozamos com os simpáticos pacóvios tugas, mais as suas fêveras e Minis, o suíço que mora em cada um de nós fica a perguntar-se que vida leva esta gente para celebrar assim um Portugal que já só existe, provavelmente, na cabeça deles. De uma coisa estou relativamente seguro: quem nunca passou uma temporada mais ou menos longa fora de Portugal terá muitas dificuldades em compreender o que aquela gente sente. Correndo além disso o risco de, talvez involuntariamente, lhe resvalar o pé para a chinela tanto ou mais que o maior labrego emigrante na Suíça.

6 de junho de 2008

Ver E Não Te Ver

Vai e Vem

Ela era perturbadoramente parecida com a Kim Gordon. Mas não gostava de pós-Punk. A nossa história acabou aí.

Dia D

Confirmo: é possível termos o dia mais feliz da nossa vida. Só não sabemos quando.

5 de junho de 2008

Subsídios para uma explicação da formação de preços


Economista tuga tenta perceber porque é que os compatriotas desertam as estações de serviço da terrinha para irem abastecer a Espanha.


Obama can

No dia 4 de Novembro de 2004, um obscuro aspirante a blogger postava isto, reenviando para um link obamaforillinois.com que já nem existe. O aspirante a blogger continua obscuro, mas Obama lá vai brilhando.

4 de junho de 2008

Os factozinhos

aqui me queixei: é costume os jornalistas maltratarem violentamente os factozinhos. Por isso suspirava pelo nascimento do FactCheck.org português. Descobri, via Câmara Corporativa, o que poderá ser o princípio de uma coisa importante: o Pente Fino.

3 de junho de 2008

O Mundo pula e avança

Mas o excesso de bola colorida, como se assinala aqui, pode provocar distúrbios graves da sanidade mental do povoléu. Um jornal dito de “referência” cuja primeira página é um tornozelo de jogador da bola enrolado em ligaduras? E ainda nem começou o dito cujo Euro? Declaração de interesses: eu gosto de bola e quero ver o máximo possível de jogos!


2 de junho de 2008

Iron Man

De entre os filmes de super-heróis, e tirando os 2 Batman do Tim Burton, que ocupam um espaço à parte e não entram para este campeonato, Iron Man é sem dúvida um dos que me é mais eminentemente simpático. Mas confesso que nutro desde há muito tempo uma admiração quase reverencial por Robert Downey Jr., desde os tempos em que ele se metia (?) na droga. Para quem se lembre, os grandes Ena Pá 2000 diziam, com a sua habitual sobriedade, que a droga “sabe bem mas faz mal”.